... ficando "zen" mesmo pagando mico!!!

Sempre procuro experiências novas que me fazem adquirir conhecimentos e auto aprimoramento. Escolho lugares para conhecer que possam oferecer-me tanto prazeres turísticos como prazeres na elevação do meu nível de consciência.
Nessas minhas buscas de espiritualidade pelo mundo, muitas coisas acontecem; coisas maravilhosas, às vezes desafios, às vezes coisas muito inusitadas e engraçadas, e às vezes verdadeiros micos, são muitas estórias e conto algumas aqui:

Na Índia, as pessoas acreditam que recebem a iluminação ao se banhar no Rio Ganges, então uma senhorinha Swami em Mumbai, que estava dando uma aula sobre o Bhagavad Gita, estava a relatar o quanto eu estava sendo abençoada por ter a oportunidade de ir até o Ganges, sendo estrangeira de um lugar tão distante, etc...


Rio Ganges perto da nascente no Himalaia – Rishikesh, India

Planejei ir até o Ganges bem perto da nascente, onde as águas ainda são cristalinas, ao pé do Himalaia, etc... fiquei em Ashram em Rishikesh. A instrução espiritual do ashram foi fantástica, estava fazendo um curso sobre yoga específico para a saúde feminina, neste ashram existe o templo onde o Maha Mantra (Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna Hare Hare) é cantado ininterruptamente, 24 horas por dia, por mais de 50 anos, imagina só a energia! Bem ... na hora da iluminação do Ganges porém... ” acho que só me iluminei até os joelhos... pois a água estava “fria” demais para meu “sangue quente” de brasileira. .... Mas sem stress, e muito “zen” fiquei feliz por pelo menos, ter uma parte do meu corpo iluminada!


Me “iluminando” até os joelhos!!!

Teve outra vez, que era dia 1 de Janeiro, acordei cedinho... tipo 5 da manhã para fazer a procissão pela cidade cantando o mantra de purificação... o plano era de após cerimônia as margens do rio, pegar a cobiçada garrafinha de água sagrada do Ganges.
Tudo estava dando certo.... cair da cama naquele frio, sair em procissão passando pelas ruazinhas da cidade, acompanhar o final das cremações que acontecem às margens do rio, dar bom dia para as vacas e macacos sagrados que ficam perambulando pelas ruas, fazer a cerimônia nas margens do rio sagrado, tudo em preparação para recolher a tal da água na minha garrafinha!!! Maior clima devocional, planos de levar a água para o Brasil e partilhar com as pessoas que necessitam uma benção, etc... mas bem na hora ... já era mais ou menos 7 da manhã... um rapaz que estava abrindo seu restaurante veio bem do nosso lado e, simplesmente, virou um latão de lixo na água... foi hilário a cena... imagine só a minha cara de decepção ao ver cascas de laranja, papel amassado e etc... boiando na minha frente correnteza abaixo!!!
Ah, fiquei muito “zen” sabendo que o que é sagrado para uns não é tão sagrado para outros, eu ainda reverencio o Ganges com respeito, mas até hoje não enchi a minha garrafinha com sua água santa!!!

Ainda na Índia achei muitas coisas estranhas, nas meditações dentro dos templos, homens ficam para um lado e mulheres para o outro, penso que em ocasiões nós, as brasileiras, que iamos cheirosinhas para o templo estávamos incomodando as senhorinhas swamis, pois sempre estas senhorinhas, faziam questão de soltar gazes fedorentos durante as meditações... era terrível!!!! Dá-lhe incenso numa hora dessas!!! É muito engraçado perceber estas diferenças culturais. E também, como estas senhorinhas eram desafinadas,,, hare!!!

Foi na prática que entendi o porque do nome “fila indiana”: é muita gente misturada com carros, motos, vacas, mercadorias, naquelas ruazinhas estreitas... tem que ir mesmo em fila indiana para se proteger dos atropelamentos. Entendi a “necessidade de acender incensos”, pois os cheiros são tão fortes, tanto dos excrementos dos animais que ficam nas ruas, quanto das comidas que tem temperos fortíssimos, quanto os odores das cremações a céu aberto, quanto dos mictórios públicos masculinos que não possuem portas, e outros odores... que nem preciso mencionar porque os cheirinhos dos incensos são tão agradáveis. E nessa linha entendi porque é importantíssimo tirar os sapatos antes de entrar em casa”... já pensou trazer todas essas sujeiras da rua para dentro de casa? Ah, outra curiosidade: quando for visitar alguém é necessário levar sempre o seu próprio papel higiênico, pois usar o papel higiênico da casa alheia é uma grande falta de educação!!!

Este lance de espiritualidade é uma coisa muito pessoal; eu acredito nos benefícios de disciplina espiritual, mas não concordo com os muitos dogmas impostos pelas religiões, então pessoalmente eu incorporo na minha vida as coisas boas de todas as filosofias, que me dão paz e alegria. Por isso trabalho com música, a música além de trazer alegria, e bem estar, é um meio de pacificação. Eu acho que devemos aprender a viver sem exageros, vivendo uma vida espiritual e também curtindo a vida material!...

Então, uma vez fui para um ashram nas Bahamas! Lindo! A beira daquele mar azul turquesa do Caribe, muito legal mesmo fazer yoga na praia, meditações ao por do sol, dieta vegetariana deliciosa, etc...


Aula de Yoga no Shivananda Ashram - Paradise Island, Bahamas

E ainda, um ashram que fica numa propriedade vizinha ao ClubMed!!!! Pois é... a tentação sempre mora ao lado!!! Participei de duas semanas maravilhosas de aulas, palestras, meditações, massagens, etc.... dentro do ashram; mas na última noite, que era um sábado, decidi com minhas amigas dar uma voltinha pela praia... claro em direção a balada do ClubMed... bom, tudo certo! Esperamos o gongo dar o toque de recolher das 22 horas e nos despojamos das roupas de yoga, nos ocupamos com maquiagem e outras vaidades... e “saímos pela direita” caminhando na praia. O ClubMed foi bem legal, jantamos, dançamos, cantamos, compramos lembrancianhas das Bahamas, etc... Lá pelas 1:30 da manhã, com todo o respeito e muito silenciosamente, carregando as sandalinhas e as sacolinhas nas mãos, voltando pela areia da praia... E para a nossa surpresa, sentado numa pedra bem na frente da nossa escadinha de acesso estava o swami diretor, de óculos ainda!!! Eu então, muito “zen” e com toda a educação e seriedade disse: _ Boa noite Swami-ji! Namasté!!! Gente carregando sapatos, bolsas e sacolas,,, mas nem para colocar as mãos em prece para um namasté apropriado deu... que mico!!!

Teve outra vez que nem um mico foi, foi um KingKong... estava numa cidade do interior do Japão, num onsem; os onsens japoneses são aqueles spas tardicionais que recebem água quente das correntes vulcânicas, com propriedades curativas, etc.... Eu e uma amiga fomos receber tratamentos, era um procedimento de mais ou menos 2 horas, a primeira parte era uma esfoliação com sais, e a segunda uma massagem muscular. Pois então, numa salinha muito linda, decoradinha com os biombos soji, musiquinha de koto, duas macas lado a lado, e as massagistas japonesas que pareciam duas lutadoras de sumo!!! Caramba!!! Mesmo em estado de relaxamento, as conversas e as risadas e as ironias entre eu e minha amiga estavam fluindo soltas: _ Nossa, como dói esta esfoliação! Nossa, como essa massagem está forte hein!!! Nossa, mas essa mulheres estão fazendo a gente sofrer! Nossa, estamos pagando para apanhar!!! E por aí.... Esse negócio de massagem é interessante, porque as massagens fortes é que são aquelas boas, né? Que botam tudo no lugar! E a gente fica com uma sensação de bem estar muito grande, mesmo tendo que sofrer um pouco também! Bom, no final dos procedimentos levantamos, colocamos o nosso quimono, e eu olhei para a minha massagista para dizer um educado “arigatô”, não é que a mulher me responde em português: _De nada querida, nós também somos brasileiras, de Minas Gerais!!!!


Castelo de Matsumoto – Nagano, Japão

No Japão também decidimos ir para Kyoto, alugar um carro e conhecer os templos antigos. Tudo tranqüilo, lá em Kyoto nos disseram que as placas eram em inglês e muita gente falava inglês, então sem problemas, vamos lá! Já na estação saindo do trem bala, vi uma plaquinha: Welcome! ... Maravilha, pensei. Cheguei lá um casalzinho de senhores da terceira idade, muito bem alinhados, me recebeu com muita simpatia: Hello! Welcome! Would you like a map? ... e em muito pouco tempo percebi que isto era a única coisa que sabiam falar em inglês, nem o mapa era em Inglês, não tinha nem sequer uma palavrinha que não fosse em kanji!!! Mas pelo menos tinha as fotinhos dos templos!!! Bom, fui nessa, e alugar um carro já foi outra maratona, mas enfim, já estavaos prontas dentro de um carro japonês daqueles super compactos, talvez metade do tamanho de um fusca, dirigindo com a direção do “lado errado”, pois lá o motorista senta do lado direito, munidas de um mapa com fotinhos, e em direção ao templo de ouro, o Kinkaju-ji para uma cerimônia do chá..... Olha, eu sei que ficamos rodeando as ruas do templo por quase 2 horas, fizemos de tudo... tentávamos comparar os desenhinhos em kanji das placas das ruas, com os do mapa, parávamos em postos de gasolina para perguntar, sem entender quase nada, aparentemente estávamos bem pertinho do templo, mas foi um sufoco! Bom, eu tentei me manter “zen” e sabia que tudo no universo acontece na hora certa, assim consegui chegar perto do templo, estacionei o carro num lugar que até hoje não sei se era proibido ou não (só faltava eles guincharem o carro), fomos a pé e chegamos no local. É realmente muito lindo ver uma construção folhada a ouro! E os jardins eram maravilhosos e impecáveis!!! Que paz! Que delicadeza! Que sensibilidade!!! Que grandeza!!! Finalmente participei da esperada “Cerimônia do Chá” com o coração repleto de respeito e admiração pela cultura japonesa.


Cerimônia do Chá


Pavilhão de Ouro


Me lembro até hoje deste dia, que era 12 de Outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida.
Saindo do templo de ouro, fomos procurar um local para passar a noite. Seguindo as figurinhas no mapa, estávamos indo em direção a uma pousada que oferecia termas. Acho que deveria ter alguma placa em japonês que dizia: Perigo!!! Não Entre!!! ... ou algo parecido, que não consegui entender, pois entrei numa grande cilada, de repente a estrada começou a ficar estreita, e eu não tinha mais como fazer o retorno com o carro, a noite já estava caindo, a estrada virou um caminho cortado na montanha bem na beira de um penhasco na margem de um rio, eu estava suando frio, colocava a cabeça para fora de um lado para olhar o pneu do carro, para não resvalar e cair no rio. Pedi que minhas amigas se preparassem, abri as janelas do veículo, soltamos os cintos de segurança, para uma eventual fuga a nado pela janela do carro, no outro lado do carro, a lataria já estava prestes a ficar toda arranhada num paredão de pedras, que sufoco! Estávamos no meio do nada, no precipício, quase caindo num rio, dentro do carro sem possibilidade de retornar, já estava anoitecendo, em uma estrada que se afinava cada vez mais; eu não tinha o que fazer, decidi continuar indo com a máxima cautela, até o ponto de não poder mais, alguma coisa teria que acontecer... na nossa situação já não tínhamos como abrir as portas do carro para sair, começamos, as 3 meninas, a rezar para Nossa Senhora!
Alguns minutos depois avistei uns faróis vindo em nossa direção, era de um caminhão, menor ainda que o nosso carro, e eu não sei de onde apareceu uma árvore, que parecia um bonsai gigante na beira do rio, e justo neste lugar a estrada contornava a árvore e ficou um pouco mais larga, o suficiente para o caminhão passar ao nosso lado e para eu fazer o retorno. Ufa!!! E ainda tivemos que lidar com o que os moços do caminhão estavam nos dizendo, sei lá, porque não entendi nada, mas acho que pela expressão deles estavam nos chamando de loucas, malucas, e etc... será que eles acham que “mulher” “não japonesa” dirige mal também?
Acho que foi graças a Nossa Senhora Aparecida, que “aparecemos” de novo em civilização, meu nível de stress estava bem alto, entramos na primeira pousada que vimos ao chegar na rua principal, acho que era um hostel para estudantes; e não, não tinha muitos quartos disponíveis,e muito menos piscinas termais; ficamos as 3 num dormitório com beliches... não posso falar muito mais sobre esta noite, pois ao chegar na sala de refeições para jantar fiz uma coisa muito inusitada, e um “mal costume” para mulheres no Japão, numa cidade do interior, viajando sozinhas (boa coisa é que não é!). Meu “ficar zen” foi por conta de um “Saque on the Rocks” que pedi ao garçom para o assombro de todos ali presentes.... e pior foi quando as minhas amigas pediram a mesma coisa!!! Foram então 3 garrafas de saque... minhas amigas me disseram que eu fiquei um pouco “alta”. E no dia seguinte acordei na beliche, vestida com a mesma roupa do dia anterior, sem lembrar de muita coisa, ... mas sem dor de cabeça, ainda bem!!! E quando cheguei de volta no Brasil, descobri, que a safada da minha amiga tinha tirado uma foto minha com o celular dela e enviado a todos meus familiares e amigos... Olha o que a Zen anda fazendo no Japão!


Acho que eu estava de ponta cabeça pendurada de algum lugar!!!!


Tem mais uma rapidinha da Índia: Estava numa comunidade do Osho em Pune, local maravilhoso, nem parece a Índia, parece mais com o Hotel Unique de São Paulo. Um lugar que atrai pessoas do mundo todo, diariamente cerca de 3000 pessoas estão convivendo nesta comunidade. O clima de estudo é grande, lá tem muitos programas de terapias holísticas diversas e ainda as técnicas e ensinamentos do Osho aplicados em forma pratica, e também muitas baladas. Tudo muito legal mesmo, mas como sempre em lugares assim tem muitos daqueles “caras mala”, que vem com aquelas conversinhas moles de meditação, mas na verdade querem outras coisas, né? Bom, descobri que um dos programas do local é uma “prática do silêncio” em que as pessoas passam o tempo em contemplação, podem participar das atividades, mas preferem, ou devem, ficar em silêncio, e não trocar palavras com ninguém por um determinado período de tempo, é um tipo de terapia emocional; estas pessoas recebem um boton que diz: Respeite meu Silêncio... Ah! Maravilha, quando descobri isso, eu e minha amiga compramos os botons, e embora não estivéssemos fazendo o jejum de palavras, o boton ficava na alça da nossa bolsa escondidinho, e sempre que percebíamos “situações xaropes” se aproximando, era só levantar o boton para o ombro e dar um sorrisinho!!! Assim foi mais fácil ficar “zen”.

Acabei de me lembrar de uma vez que estava numa “Confraternização dos Essênios” em Oregon nos Estados Unidos. Os Essênios são aqueles que pertencem a uma filosofia de vida muito natural, são originariamente judeus, atuavam até mesmo antes de Cristo, eu os classifico como os “new age” da época antiga. Eu aprendi muito com os Essênios, tenho imenso carinho e respeito pelos seus ensinamentos e modo de vida. Por isso então estava lá nesta confraternização, estava acampando e a situação foi assim: tinha uma terma, e na orientação nos disseram que roupas eram opcionais.... hum... nem preciso dizer que quando eu cheguei lá eu era a única vestida!!! Caramba!!! Disfarcei um pouco, dei uma voltinha, e fui embora do local... todo mundo ficou me olhando como se eu fosse um E.T. ... Eu, completamente vestida, e morrendo de vergonha!!! Mas é isso aí... “zen chance” né?!!! rs


Batismo Essênio em Brighton Bush Springs – Orengon, USA